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Repositorio de experiencias

Carlos Gomes

"Prefiro un até breve"

24/02/2015

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Estou consciente de que, aqui reside um potencial enorme...



Estamos a meados de fevereiro e eis o colmatar deste estágio curricular de Trabalho Social, desta aventura, desta etapa carregada de significado. Decorridos estes últimos 4 meses, surge o momento de clarificar, esmiuçar e refletir todo o percurso que me trouxe até aqui, onde me vejo, mais crescido, coerente, elucidado e acima de tudo, mais completo e preenchido.

A entidade, o Centro de Desenvolvemento Rural “O Viso”, mediante o observado ao longo destes meses, revela-se uma entidade sólida, dinâmica e com notável abrangência espacial e nas problemáticas sociais inerentes aos territórios rurais.

O posicionamento temporal do meu estágio permitiu-me estar presente, observar e participar em 3 fases distintas e de carácter transitório no C.D.R. : a aplicação de programas; o justificar dos programas (a finais do ano civil) e o continuar com a mesma perseverança (a início do ano) apesar de fortes reduções em subvenções e a fazer emergir o sentido criativo de cada um. Eu estive, maioritariamente, a aplicar conhecimentos adquiridos em espaço académico; a observar como se materializam na prática e tentar perceber como se gerem expectativas e se solucionam e/ou se contribui à solução de problemas que todos os dias surgiam diante de nós. Desde a Área Social, com o acompanhamento do profissional directamente responsável pela supervisão e manutenção do meu estágio, o trabalhador social do C.D.R. “O Viso”, contemplam-se intervenções combinadas: de redução de danos (actuação sobre os efeitos) com preventivas e pedagógicas (a actuar nas causas). O intuito é restabelecer ou criar a autonomia e a capacitação, é a tentativa de romper com os ciclos geracionais de pobreza e exclusão social. Tem-se pautado, além de abranger os destinatários com programas supra-delineados, transmitir-lhes os seus Direitos, informá-los de como se exercem. Prestar acompanhamento na transposição das barreiras burocráticas que todos os dias se elevam na vida de quem não tem poder para as contornar!!! Foi-me possível perceber, o vínculo plasmado na relação social de ajuda, como base de intervenção em Trabalho Social, a ser mútuamente alimentado e confirmado por participantes, cujos apresentam défices elevados de participação na sociedade...a ruptura de laços sociais.

Desde o primeiro dia pude notar, uma postura de transparência, um incentivo sempre presente para que percorresse e tivesse contacto com as diversas àreas do C.D.R. Conheci a Vivenda Comunitária - “A tua outra casa” -  e as pessoas que nela habitam, sente-se a leveza com que se movem sem que estejam inteiramente confinados aos limites e aparelhos reguladores próprios de uma instituição. Destaco o pormenor dos adornos fotográficos, que embelezam e imortalizam as pessoas que ali viveram. O Centro de Dia, que igualmente conta com um registo fotográfico de cada um dos anciãos que ocupa aquele espaço - trato personalizado, humanizado e não numérico como é recorrente ver-se - é onde diariamente se agiliza e concretiza o Comedor Social, se dá início ao Comedor Social ao Domicílio e parece-me pertinente assinalar, que também vi ser prestados serviços de higiene e lavandaria, que conjugados com outras abordagens contêm em si a missão de promover a inclusão. A partir do berço físico do “Viso”, o Albergue de Lodoselo, participei com agrado e motivado a conhecer mais e melhor, numa sessão do “Curso de Agricultura Biológica” - que  assinala, reforça e valoriza algumas das especificidades dos territórios rurais. O “Pobo Escola” foi sem dúvida uma das iniciativas que mais me preencheu, primeiro porque carrega um potencial pedagógico enorme de sensibilização para a protecção e manutenção do meio ambiente e em segundo porque transmite às novas gerações, os saberes, os costumes e as tradições impregnadas de simbolismo e compiladas na cultura e identidade dos povos rurais Limianos.

Agradeço também por me terem dado a possibilidade de participar em actividades, directamente levadas a cabo, por parceiros - seminário do COCEDER e Projecto Inclúe - ou pautadas por a vontade de abordar as problemáticas sociais, em rede, incentivando à criação e manutenção de parcerias (convénios), com Teranga,  serviços públicos territorializados, etc. A ida ao C.E.I.P. Rosalía de Castro, o intercâmbio de culturas e transmissão de informação histórica e científica sobre o Trabalho Social e a Antropologia, à turma do 6º ano - que momento tão agradável. 

A título de reflexão final, ganha vantagem a ideia, o sentimento, de que esta etapa, além de um estágio curricular de Trabalho Social, com a vertente profissional em contexto operativo, foi acima de tudo uma experiência de vida, uma aventura pessoal, que mediante esta passagem, me faz continuar a acreditar que ainda há esperança na Humanidade, na restauração da Dignidade. Na busca de significados e objectivos, junto das pessoas, no caminhar em conjunto para a obtenção de Bem Estar e Qualidade de Vida como um Direito fundamental!!



“Devemos lutar pela igualdade sempre que a diferença nos inferioriza, mas devemos lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza”. - Boaventura de Sousa Santos



Muito agradecido a todos, com a certeza de que nunca os esquecerei.



Carlos Gomes


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